terça-feira, 15 de dezembro de 2009


Ilustração: Bruno Nunes

para o meu amor!!

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Vou te esperar chegar todos os dias.
Fazer café, ouvir uma música.
Adormecer no sofá e acordar com seu abraço em silêncio.
Vou te beijar e tudo vai passar.
Todos os dias. Mesmo quando você estiver longe.
Mesmo quando eu estiver.
Eu vou cuidar do nosso jardim.
Você vai se deitar na rede e eu vou te fazer dormir.
Vou cantar pra você sorrir.
Vou te namorar em silêncio.
Vou te amar em todos os olhares, em todos os cafés da manhã.
Vou te esperar chegar todos os dias sabendo que cada vez que você entrar por aquela porta o meu amor por você vai ter crescido mais um pouco.
Eu te amo devagar. Eu te amo sem pressa.
E vou te amar assim. Todos os dias. Aos poucos.
Para que isso nunca acabe.
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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

com vocês.

não existem cartas que diminuem a distância.

não existe telefonema suficientemente grande que seja suficiente.

eu trocaria todos os emails por um pouco de colo.
eu trocaria qualquer mensagem por um abraço.
eu compraria uma passagem de avião agora para estar aí (se pudesse).

tudo que eu queria nesse exato momento era de um pouco de chocolate quente, um bom filme e boas risadas (muitas).

eu vou. espere só mais um pouco.
eu vou.

para o titi e para a mari (com todo o amor do mundo)

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jantar de sexta na casa do pablo


Obrigada por...!


Thiago Macedo (persistência), Kel (força), Rogério (vida), Rê (busca), Bárbara (encontro), Johnny (leveza), Tiago Macedo 2 (tranquilidade), Erick (conforto), Byron (coragem), André (vontade), Renata (disposição), Raquel e Vanessa (paciência), Mauro e Clarissa (doçura), Rafael (disposição), Thiago Sá (concentração), Flor (alegria), Lygia (generosidade), Silvia (entrega), Daniel (silêncio).

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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

"Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas, minhas tristezas absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos."

Clarice Lispetor

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

mais uma historinha.



a gente sente e segue. pra algum lugar dentro da gente que é tão distante do que podemos compreender que toca o outro. e quando você percebe já está dentro de mais uma história e é cúmplice de alguém que entrou outro dia em um capítulo qualquer da sua vida e simplesmente sabe mais dos seus últimos gestos e passos que você mesmo. e você sabe os dele.


e no dia em que isso acaba ou se transforma, ainda ficam as manchas na parede, as cinzas do último cigarro, um cd na última gaveta e alguns livros que nunca foram lidos e não fazem diferença nem pra você nem pra ele, então não importa se ele levar assim como não importa se ele se foi.

e então você descobre que o mais real disso tudo é o que você faz para preencher algum lugar dentro de você que não te pertence. e descobre ainda que esse lugar nunca será preenchido, porque como tudo tem seu lugar não cabe ali nada além do que é para ser posto ali.


domingo, 29 de novembro de 2009

quando não ...


silêncio.

silencio.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

:



não há nada mais medíocre que a estabilidade.


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

para mim.

É preciso muito amor para que o amor não se canse.

Para não querer o amor das revistas, das telenovelas, das comédias românticas.

É preciso muito amor para que as alianças, as flores e as datas não tenham importância.

É preciso muito amor para saber a importância das flores quando elas vierem.

Para continuar acreditando nele, mesmo quando podemos comprá-lo nas bancas de revista ou em qualquer supermercado.



"O que o amanhã não sabe, o ontem não soube. Nada que não seja o hoje jamais houve". p. leminski


domingo, 25 de outubro de 2009

aqui estou.



se o outro não suporta tanto amor que vá embora.


ele pegou suas coisas e desceu as escadas. dentro do apartamento o outro ocupou os lugares vazios com outros livros e outras histórias. se encontraram num dia de chuva e ele ofereceu um espaço embaixo do seu guarda chuva. o outro aceitou. por mais que o tempo passe sempre há espaço. sempre haverá uma música. sempre haverá conforto.

o amor não existe mais.

quando o outro vai, o amor que sobra vaza, encontra cantos.

os livros nunca mais serão postos no mesmo lugar.


quarta-feira, 30 de setembro de 2009

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"Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?"

Álvaro de Campos


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

dia mundial sem carro - 22 de setembro


vá de bicicleta!!

human(@).


necessito menos de estética, formas, informação, teorias, conceitos, certezas.
preciso de mais sensibilidade.
para pegar um ônibus, atravessar a rua, comprar pão, ouvir música, ver novela.

preciso me perguntar porque.
preciso olhar o outro.

preciso mais do que tocar, ser tocada.

preciso chorar mais, respirar mais, dormir mais.

necessito de humanidade.


segunda-feira, 24 de agosto de 2009

cuide.

há de se aceitar.


Chovia muito aquele dia. A água entrava por entre as portas e janelas e a casa foi se inundando. Enquanto isso a televisão estava ligada num programa de auditório. No sofá D assitia tranquilamente. Respondia às perguntas, torcia junto e a água já atingindo outro cômodo. Ao final do programa a chuva já havia acabado. D levantou-se, pegou um rodo, um balde e um pano de chão. Foi enxugando aos poucos a casa. Em pouco tempo já estava tudo seco novamente. Todas as vezes que chove é assim. A chuva vem, modifica alguma coisa. D leva um tempo para secar, ajeitar as coisas e daqui a pouco lá está ela novamente.
Que chova. Sempre.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

dilui.


O céu está cinza.
Está muito quente durante o dia e muito frio à noite.
Às 18 horas o congestionamento é grande e de manhã quase todo mundo acorda mal-humorado.
O preço do ingresso para o cinema está caro e não tem nenhum espetáculo bom em cartaz.
Nenhum emprego anda pagando bem.
A crise econômica afetou as galerias de arte.
Com o aquecimento global aumentaram as vendas de ventiladores e ar condicionado.
A gripe suína atingiu mais de 20 países.
As pessoas sempre estão atrasadas, sempre estão com sono e sempre comem mal.
Nossos sonhos são diluídos entre coca-colas e cafés.




Onde está nosso silêncio?





sábado, 1 de agosto de 2009

fast


Vivemos a ditadura dos relógios, dos prazos. A ditadura da pronta entrega, dos fast foods.
Ditadura? Escolhemos a correria do dia-a-dia, os mil projetos, as noites sem dormir.
Escolhemos não parar, não dormir na rede, não olhar o céu, não passear na praça.
Vivemos uma ditadura consentida, que apreciamos, idolatramos.
Quanto mais trabalho, mais emails e telefonemas, quanto menos tempo, melhor.
Melhor para os olhos dos outros. Melhor para a nossa vaidade, para o nosso medo de parar e não se reconhecer. Medo de não ser mais tocado pelas cores, pelos gostos, pelos cheiros.
Medo da sua identidade ter virado mais um cartão de ponto em uma empresa qualquer.
Vivemos a ditadura do ego.
Trabalhe, arrume mais coisas para fazer, tenha mais projetos, mais planos.
Não deixe nenhum espaço em branco, preencha todo seu tempo.
Pausa é para fracassados.


quinta-feira, 23 de julho de 2009

cayo aos 5 anos


"- Olha Cayo, que linda a lua!
- Ah tia Cris, eu já tô acostumado... o sol e a lua me seguem!"



segunda-feira, 13 de julho de 2009

Instrucciones para llorar

"Instrucciones para llorar. Dejando de lado los motivos, atengámonos a la manera correcta de llorar, entendiendo por esto un llanto que no ingrese en el escándalo, ni que insulte a la sonrisa con su paralela y torpe semejanza. El llanto medio u ordinario consiste en una contracción general del rostro y un sonido espasmódico acompañado de lágrimas y mocos, estos últimos al final, pues el llanto se acaba en el momento en que uno se suena enérgicamente. Para llorar, dirija la imaginación hacia usted mismo, y si esto le resulta imposible por haber contraído el hábito de creer en el mundo exterior, piense en un pato cubierto de hormigas o en esos golfos del estrecho de Magallanes en los que no entra nadie, nunca. Llegado el llanto, se tapará con decoro el rostro usando ambas manos con la palma hacia adentro. Los niños llorarán con la manga del saco contra la cara, y de preferencia en un rincón del cuarto. Duración media del llanto, tres minutos".

Julio Cortázar


quinta-feira, 9 de julho de 2009

do amor a gente só espera amor.

"Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto o seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: - Me ajuda a olhar!"

(Eduardo Galeano)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Juanito!!!


... que ano mais feliz!!!!

que venham muitos e muitos outros....!!!



quinta-feira, 11 de junho de 2009

terça-feira, 2 de junho de 2009

diariamente.

Ele acorda às 6 horas da manhã com o sorriso mais largo e gostoso que eu já vi. Até o seu olhar sorri. Só chora de fome e mesmo assim no meio da mamadeira já está sorrindo novamente. Tudo é novidade. Os brinquedos já estão ficando velhos. Agora a graça está nos cds, no chaveiro de bola, no violão. A graça está em tentar ficar em pé e cair de bunda. Tapetinho colorido só se for com muita distração, fora isso não há limites. A casa vai se tornando pequena. Que bom. Tem alguém crescendo aqui dentro. Dentro da casa e dentro de mim. Esse menininho é uma descoberta diária e eu não sabia que aqui dentro havia tanto espaço ainda a ser preenchido.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

o que me leva...

"O medo sempre me guiou para o que eu quero. 
E porque eu quero, temo. 
Muitas vezes foi o medo que me tomou pela mão e me levou. 
O medo me leva ao perigo. 
E tudo o que eu amo é arriscado".

                                                                                                                                               
 Clarice Lispector

domingo, 24 de maio de 2009

depois

depois de tanto tempo sem notícias depois de tanto tempo apenas de lembranças se encontraram sem querer um dia correndo cada um para um lado para seus novos encontros e afazeres. e tudo tem sido assim desde a última conversa. cada um de um lado. e não poderia ter sido diferente. um término assim sem motivos aparentes. um dos lados ainda não entendia o porque. no fim ainda havia amor. dos dois. havia no ar. no olhar. no choro. nas palavras. e ainda há. então porque o fim? 
"você não estaria livre nem seria feliz se ainda estivesse aqui...ter ido embora foi a maior prova de amor que pude te dar..."
e continuam se amando assim. intensamente.verdadeiramente. livremente. até que os corpos não consigam mais se enganar e corram de encontro um ao outro. até que a liberdade passe a ser entendida como algo que possa ser dividida e compartilhada. ou até que a racionalidade mate o amor. 


sábado, 23 de maio de 2009

segunda-feira, 11 de maio de 2009

ser mãe.




e tudo se fez música...
e tudo tem mais cor...




quinta-feira, 7 de maio de 2009

bom dia.

"...sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor pois se eu me comovia vendo você pois se eu acordava no meio da noite só pra ver

você dormindo meu Deus como você me doía de vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça então os meus braços não vão ser suficientes pra abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada só olhando e pensando meu Deus como você me dói de vez em quando" CFA

terça-feira, 5 de maio de 2009

boal


"Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!”

domingo, 3 de maio de 2009

a. caeiro

Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passe adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não tenho pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega —
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não onde penso.
Só me posso sentar onde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E somos vadios do nosso corpo.


quarta-feira, 29 de abril de 2009

para bidu.

Corre... corre para o mundo porque ele é grande.
Larga de bater cartão, de paixão sem coração.
Não tem porque seu desespero. 24 anos? só?
Você ainda vai sair dessa casa, dessa cidade, desse lugar.
Ainda vai descobrir outro teatro, outra música.
Ainda vai redescobrir seu olhar.
Pode ligar, aparecer.
Arranjaremos um tempo para confidências e para o nosso fazer.
Todos os dias à noite e nos fins de semana.
Vem Bidu.
A casa é grande e o coração também.
Vem!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

.

Os melhores dias são aqueles em que consigo ficar em silêncio. 
Posso não dizer nada... mas ouço tanta coisa. 
Principalmente as que vêm de dentro.

domingo, 26 de abril de 2009

.sentido.

É necessário que se morra algumas vezes, nem que seja por alguns instantes.

Encontraram M. caída no quintal. O galho não suportou o peso mas o tempo foi suficiente para deixá-la (in)consciente. Antes estava inconsciente de si mesma, do seu entorno. Já não tinha consciência da sua existência nem da necessidade dela.

Motivos. M. precisava deles para continuar. Todos precisam.

Era tudo muito estável. O emprego, a casa, o alguém. Não precisava de mais nada e era esse o problema. A estabilidade, que não te faz dizer nem sim nem não, não te faz chorar nem rir, não te faz querer. Ela te faz seguir.

M. vivia num estado inconsciente das coisas. Do trabalho já sabia tudo, já tinha alguém que a aceitava como era e que ela já possuía.

Mas em algum momento a vida muda, o vento sopra para um outro lugar. Perdemos o controle e caminhamos sem direção. É como se uma lâmpada se acendesse logo ali e te fizesse enxergar tudo com mais clareza. E é assim, sem porque. Pode ser porque você viu uma foto e tem saudades do que já foi, porque só consegue se enxergar no passado, porque tem medo de se tornar aquele vizinho insuportável ou porque simplesmente conheceu alguém interessante.

Não sei dizer qual foi o motivo de M. Por poucos instantes havia recuperado a consciência e sentiu necessidade de morrer, de matar aquele ser que não conhecia e que suportava a estabilidade de uma forma tão irracional.

M. conseguiu morrer naquele dia e hoje por alguns instantes todos os dias ela morre um pouco para estar realmente viva no dia seguinte.

Como diz minha mãe: “Para morrer basta estar vivo”. Em todos os sentidos.

sábado, 25 de abril de 2009

fim?


...despedida é olhar para um vaso vazio, é olhar nos olhos do outro e ele já não estar mais ali, é fechar os olhos para enxergar algo que já se foi, é perceber que você já não cabe mais naquele lugar. A despedida é sempre um pós. Antes dela alguma coisa já se foi, já se perdeu... alguma coisa já se afastou e está longe, muito longe.  

sexta-feira, 24 de abril de 2009

para você.

"...você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente..."
CFA

quinta-feira, 23 de abril de 2009

aforismos inúteis!

(21:39:16) ...lucidez demais é uma embriaguez profunda
o mundo é um delírio e às vezes a gente tem que delirar com ele...

conversa de msn com o barbi (mestre dos aforismos inúteis)!

homeopatia

O filho vai até o quintal e começa a brincar com as folhas que caem enquanto seus pais discutem dentro de casa. Isso acontece todos os dias, por qualquer motivo que seja. Um dorme tarde, o outro acorda cedo, ela deixa a pia suja de pasta de dente, ele nunca lava os copos e deixa a danada da toalha molhada em cima da cama. Isso sempre.

Todos os dias a mãe sai para o trabalho com a certeza de que o casamento não vai passar de hoje. Apagando-se em doses homeopáticas.

Enquanto discutem o filho acaba de, sem querer, pisar em uma formiga.

A mãe sai e vê o filho olhando para a formiga. Ela tenta ajudá-la a viver. O filho então diz:

“Não mamãe, agora que a formiga já morreu pela metade deixe que ela morra por inteiro”.

terça-feira, 21 de abril de 2009

para que eu não deixe.

"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar".

Eduardo Galeano


Adicionar imagem

grito.

Um maço de cigarros, uma flor qualquer achada no meio da rua, um cd e alguns fins de tarde. Foi tudo que conseguiram trocar. E mesmo assim caíram no poço infindável do desejo absoluto.

Trocaram cartas e alguns (poucos) telefonemas. E não se tocaram. Nunca. Talvez por isso o desejo tenha aumentado com a distância. Por ainda não ter sido descoberto. E o desejo deles era apenas de mais um olhar, de mais algumas palavras que não foram ditas, de mais um abraço que não conseguiu ser o suficiente na despedida, de um único beijo para calar todas essas vontades.

O desejo é de um virá que não será amanhã, talvez nem depois, mas o desejo grita e porque grita existe. Mesmo o cigarro já tendo acabado e o cd tocado diversas vezes, os fins de tarde continuarão a esperar. O coração ainda pulsa e ponto final é uma coisa que não existe.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

...

Estou parada no meio de uma rua vazia em silêncio. Procuro a solidão. Eu queria me jogar no meio de uma chuva de tulipas nessa floresta louca cheia de prédios, carros, latidos e olhares foscos. Preciso me esvaziar. O que é estar em mim? Onde é meu estar em mim?

Meu onde é agora. Meu presente, meu passado sem conserto, meu álbum de fotografias amarelas e meu futuro que sorri bem ali naquela esquina. Opa, já está na outra.

Meu onde é aqui, exatamente onde estou. Com um olho que brilha e outro que pensa. Com o coração pulsando esperando o amor que vem, já foi, não volta, será que volta? Esperando o amor que existe em algum canto dessa chuva. Ele existe.

É preciso me esvaziar. De tantos outros que já percorreram esse corpo, esse lugar. Você imagina quanta coisa já passou por mim? Crisântemos, lírios, orquídeas, margaridas, que chegaram, murcharam, se foram.

Cadê a solidão? Solidão é estar em mim? Ou é um estado de estar para o mundo tão pleno que não cabe em si?

sábado, 18 de abril de 2009

caio - sempre.

"Que não me doa hoje o existir dos outros, que não me doa hoje pensar nessa coisa puída de todos os dias, que não me comovam os olhos alheios e a infinita pobreza dos gestos com que cada um tenta salvar o outro deste barco furado. Que eu mergulhe no roxo deste vazio de amor de hoje e sempre e suporte o sol das cinco horas posteriores, e posteriores, e posteriores ainda".

sexta-feira, 17 de abril de 2009

juanito!

para Francisco.

Isso é só para dizer que eu queria muito, muito mesmo que você ainda estivesse aqui. Estive com você por tão pouco tempo e esse tempo já foi suficiente para que eu percebesse que sentirei falta do que não pude viver ao seu lado a minha vida inteira. Ainda imagino como você seria se estivesse aqui agora. E sei que está, de alguma forma que eu talvez ainda não possa compreender. Você deixou em mim a certeza de que amor é muito mais e vai muito além do que qualquer coisa que eu já havia vivido ou poderia imaginar. O meu amor por você está latejando dentro e fora de mim, sempre, todos os dias. Obrigada por me presentear com a sua presença e por me fazer hoje uma pessoa muito mais humana e feliz. Amo você, onde quer que você esteja.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

ana.

Às vezes quando o céu fica nublado e o cheiro de fim de dia permanece no ar é hora de pedir uma pausa ao tempo e respirar o presente.
“Diz”, foi sua única palavra, e ficou esperando uma resposta que seu corpo há dias sabia que iria escutar, ficou fixada naqueles olhos que já não podia mais ultrapassar.
Havia um muro de desejos opostos entre aqueles corpos ausentes e uma vontade de que a vida parasse naquele momento para que o amor se fizesse presente.
“O amor não morre, se transforma”, ele disse, e baixou os olhos para não ver Ana se apagando.
Ela sentiu a cabeça rodar e seu corpo enfraquecer enquanto se lembrava das tantas vezes que havia pensado isso. Era ela quem deveria ter dito essas palavras. “Quando foi que minha coragem me abandonou e eu passei a viver de cinzas?”.
Não é difícil deixar o outro ir embora, é difícil querer partir. Difícil deixar o cheiro, o gosto, as cores. É difícil parar de se repetir.
“Preciso ir”, ela disse, e saiu andando como se tivesse tirado das costas o fardo mais pesado que pudesse existir.
De longe ele a via diminuir nas distância de seus pensamentos.
Ela percebeu que o que a prendia era apenas o medo de se ver só depois de tanto tempo. Medo de dar o próximo passo sem ter um alguém que construísse sua estrada. Teria que caminhar sozinha.
Não olhou para trás. Não precisava. O amor não precisa de olhos pois mesmo no escuro ele está presente.
Falta é uma coisa que a gente sente quando está vazio.
Ausência é quando já fomos preenchidos e o coração dói porque não tem mais espaço.
Lembrou do gosto da cada momento e transformou suas lágrimas numa chuva de desejos passados.
Do outro lado ele sentia uma lágrima escorrer entre seus lábios enquanto se despedia do seu último desejo.
E esse foi o último beijo.

amor...

Não existe bom dia melhor que o sorriso do João.