segunda-feira, 24 de agosto de 2009

cuide.

há de se aceitar.


Chovia muito aquele dia. A água entrava por entre as portas e janelas e a casa foi se inundando. Enquanto isso a televisão estava ligada num programa de auditório. No sofá D assitia tranquilamente. Respondia às perguntas, torcia junto e a água já atingindo outro cômodo. Ao final do programa a chuva já havia acabado. D levantou-se, pegou um rodo, um balde e um pano de chão. Foi enxugando aos poucos a casa. Em pouco tempo já estava tudo seco novamente. Todas as vezes que chove é assim. A chuva vem, modifica alguma coisa. D leva um tempo para secar, ajeitar as coisas e daqui a pouco lá está ela novamente.
Que chova. Sempre.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

dilui.


O céu está cinza.
Está muito quente durante o dia e muito frio à noite.
Às 18 horas o congestionamento é grande e de manhã quase todo mundo acorda mal-humorado.
O preço do ingresso para o cinema está caro e não tem nenhum espetáculo bom em cartaz.
Nenhum emprego anda pagando bem.
A crise econômica afetou as galerias de arte.
Com o aquecimento global aumentaram as vendas de ventiladores e ar condicionado.
A gripe suína atingiu mais de 20 países.
As pessoas sempre estão atrasadas, sempre estão com sono e sempre comem mal.
Nossos sonhos são diluídos entre coca-colas e cafés.




Onde está nosso silêncio?





sábado, 1 de agosto de 2009

fast


Vivemos a ditadura dos relógios, dos prazos. A ditadura da pronta entrega, dos fast foods.
Ditadura? Escolhemos a correria do dia-a-dia, os mil projetos, as noites sem dormir.
Escolhemos não parar, não dormir na rede, não olhar o céu, não passear na praça.
Vivemos uma ditadura consentida, que apreciamos, idolatramos.
Quanto mais trabalho, mais emails e telefonemas, quanto menos tempo, melhor.
Melhor para os olhos dos outros. Melhor para a nossa vaidade, para o nosso medo de parar e não se reconhecer. Medo de não ser mais tocado pelas cores, pelos gostos, pelos cheiros.
Medo da sua identidade ter virado mais um cartão de ponto em uma empresa qualquer.
Vivemos a ditadura do ego.
Trabalhe, arrume mais coisas para fazer, tenha mais projetos, mais planos.
Não deixe nenhum espaço em branco, preencha todo seu tempo.
Pausa é para fracassados.