quarta-feira, 29 de abril de 2009

para bidu.

Corre... corre para o mundo porque ele é grande.
Larga de bater cartão, de paixão sem coração.
Não tem porque seu desespero. 24 anos? só?
Você ainda vai sair dessa casa, dessa cidade, desse lugar.
Ainda vai descobrir outro teatro, outra música.
Ainda vai redescobrir seu olhar.
Pode ligar, aparecer.
Arranjaremos um tempo para confidências e para o nosso fazer.
Todos os dias à noite e nos fins de semana.
Vem Bidu.
A casa é grande e o coração também.
Vem!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

.

Os melhores dias são aqueles em que consigo ficar em silêncio. 
Posso não dizer nada... mas ouço tanta coisa. 
Principalmente as que vêm de dentro.

domingo, 26 de abril de 2009

.sentido.

É necessário que se morra algumas vezes, nem que seja por alguns instantes.

Encontraram M. caída no quintal. O galho não suportou o peso mas o tempo foi suficiente para deixá-la (in)consciente. Antes estava inconsciente de si mesma, do seu entorno. Já não tinha consciência da sua existência nem da necessidade dela.

Motivos. M. precisava deles para continuar. Todos precisam.

Era tudo muito estável. O emprego, a casa, o alguém. Não precisava de mais nada e era esse o problema. A estabilidade, que não te faz dizer nem sim nem não, não te faz chorar nem rir, não te faz querer. Ela te faz seguir.

M. vivia num estado inconsciente das coisas. Do trabalho já sabia tudo, já tinha alguém que a aceitava como era e que ela já possuía.

Mas em algum momento a vida muda, o vento sopra para um outro lugar. Perdemos o controle e caminhamos sem direção. É como se uma lâmpada se acendesse logo ali e te fizesse enxergar tudo com mais clareza. E é assim, sem porque. Pode ser porque você viu uma foto e tem saudades do que já foi, porque só consegue se enxergar no passado, porque tem medo de se tornar aquele vizinho insuportável ou porque simplesmente conheceu alguém interessante.

Não sei dizer qual foi o motivo de M. Por poucos instantes havia recuperado a consciência e sentiu necessidade de morrer, de matar aquele ser que não conhecia e que suportava a estabilidade de uma forma tão irracional.

M. conseguiu morrer naquele dia e hoje por alguns instantes todos os dias ela morre um pouco para estar realmente viva no dia seguinte.

Como diz minha mãe: “Para morrer basta estar vivo”. Em todos os sentidos.

sábado, 25 de abril de 2009

fim?


...despedida é olhar para um vaso vazio, é olhar nos olhos do outro e ele já não estar mais ali, é fechar os olhos para enxergar algo que já se foi, é perceber que você já não cabe mais naquele lugar. A despedida é sempre um pós. Antes dela alguma coisa já se foi, já se perdeu... alguma coisa já se afastou e está longe, muito longe.  

sexta-feira, 24 de abril de 2009

para você.

"...você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente..."
CFA

quinta-feira, 23 de abril de 2009

aforismos inúteis!

(21:39:16) ...lucidez demais é uma embriaguez profunda
o mundo é um delírio e às vezes a gente tem que delirar com ele...

conversa de msn com o barbi (mestre dos aforismos inúteis)!

homeopatia

O filho vai até o quintal e começa a brincar com as folhas que caem enquanto seus pais discutem dentro de casa. Isso acontece todos os dias, por qualquer motivo que seja. Um dorme tarde, o outro acorda cedo, ela deixa a pia suja de pasta de dente, ele nunca lava os copos e deixa a danada da toalha molhada em cima da cama. Isso sempre.

Todos os dias a mãe sai para o trabalho com a certeza de que o casamento não vai passar de hoje. Apagando-se em doses homeopáticas.

Enquanto discutem o filho acaba de, sem querer, pisar em uma formiga.

A mãe sai e vê o filho olhando para a formiga. Ela tenta ajudá-la a viver. O filho então diz:

“Não mamãe, agora que a formiga já morreu pela metade deixe que ela morra por inteiro”.

terça-feira, 21 de abril de 2009

para que eu não deixe.

"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar".

Eduardo Galeano


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grito.

Um maço de cigarros, uma flor qualquer achada no meio da rua, um cd e alguns fins de tarde. Foi tudo que conseguiram trocar. E mesmo assim caíram no poço infindável do desejo absoluto.

Trocaram cartas e alguns (poucos) telefonemas. E não se tocaram. Nunca. Talvez por isso o desejo tenha aumentado com a distância. Por ainda não ter sido descoberto. E o desejo deles era apenas de mais um olhar, de mais algumas palavras que não foram ditas, de mais um abraço que não conseguiu ser o suficiente na despedida, de um único beijo para calar todas essas vontades.

O desejo é de um virá que não será amanhã, talvez nem depois, mas o desejo grita e porque grita existe. Mesmo o cigarro já tendo acabado e o cd tocado diversas vezes, os fins de tarde continuarão a esperar. O coração ainda pulsa e ponto final é uma coisa que não existe.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

...

Estou parada no meio de uma rua vazia em silêncio. Procuro a solidão. Eu queria me jogar no meio de uma chuva de tulipas nessa floresta louca cheia de prédios, carros, latidos e olhares foscos. Preciso me esvaziar. O que é estar em mim? Onde é meu estar em mim?

Meu onde é agora. Meu presente, meu passado sem conserto, meu álbum de fotografias amarelas e meu futuro que sorri bem ali naquela esquina. Opa, já está na outra.

Meu onde é aqui, exatamente onde estou. Com um olho que brilha e outro que pensa. Com o coração pulsando esperando o amor que vem, já foi, não volta, será que volta? Esperando o amor que existe em algum canto dessa chuva. Ele existe.

É preciso me esvaziar. De tantos outros que já percorreram esse corpo, esse lugar. Você imagina quanta coisa já passou por mim? Crisântemos, lírios, orquídeas, margaridas, que chegaram, murcharam, se foram.

Cadê a solidão? Solidão é estar em mim? Ou é um estado de estar para o mundo tão pleno que não cabe em si?

sábado, 18 de abril de 2009

caio - sempre.

"Que não me doa hoje o existir dos outros, que não me doa hoje pensar nessa coisa puída de todos os dias, que não me comovam os olhos alheios e a infinita pobreza dos gestos com que cada um tenta salvar o outro deste barco furado. Que eu mergulhe no roxo deste vazio de amor de hoje e sempre e suporte o sol das cinco horas posteriores, e posteriores, e posteriores ainda".

sexta-feira, 17 de abril de 2009

juanito!

para Francisco.

Isso é só para dizer que eu queria muito, muito mesmo que você ainda estivesse aqui. Estive com você por tão pouco tempo e esse tempo já foi suficiente para que eu percebesse que sentirei falta do que não pude viver ao seu lado a minha vida inteira. Ainda imagino como você seria se estivesse aqui agora. E sei que está, de alguma forma que eu talvez ainda não possa compreender. Você deixou em mim a certeza de que amor é muito mais e vai muito além do que qualquer coisa que eu já havia vivido ou poderia imaginar. O meu amor por você está latejando dentro e fora de mim, sempre, todos os dias. Obrigada por me presentear com a sua presença e por me fazer hoje uma pessoa muito mais humana e feliz. Amo você, onde quer que você esteja.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

ana.

Às vezes quando o céu fica nublado e o cheiro de fim de dia permanece no ar é hora de pedir uma pausa ao tempo e respirar o presente.
“Diz”, foi sua única palavra, e ficou esperando uma resposta que seu corpo há dias sabia que iria escutar, ficou fixada naqueles olhos que já não podia mais ultrapassar.
Havia um muro de desejos opostos entre aqueles corpos ausentes e uma vontade de que a vida parasse naquele momento para que o amor se fizesse presente.
“O amor não morre, se transforma”, ele disse, e baixou os olhos para não ver Ana se apagando.
Ela sentiu a cabeça rodar e seu corpo enfraquecer enquanto se lembrava das tantas vezes que havia pensado isso. Era ela quem deveria ter dito essas palavras. “Quando foi que minha coragem me abandonou e eu passei a viver de cinzas?”.
Não é difícil deixar o outro ir embora, é difícil querer partir. Difícil deixar o cheiro, o gosto, as cores. É difícil parar de se repetir.
“Preciso ir”, ela disse, e saiu andando como se tivesse tirado das costas o fardo mais pesado que pudesse existir.
De longe ele a via diminuir nas distância de seus pensamentos.
Ela percebeu que o que a prendia era apenas o medo de se ver só depois de tanto tempo. Medo de dar o próximo passo sem ter um alguém que construísse sua estrada. Teria que caminhar sozinha.
Não olhou para trás. Não precisava. O amor não precisa de olhos pois mesmo no escuro ele está presente.
Falta é uma coisa que a gente sente quando está vazio.
Ausência é quando já fomos preenchidos e o coração dói porque não tem mais espaço.
Lembrou do gosto da cada momento e transformou suas lágrimas numa chuva de desejos passados.
Do outro lado ele sentia uma lágrima escorrer entre seus lábios enquanto se despedia do seu último desejo.
E esse foi o último beijo.

amor...

Não existe bom dia melhor que o sorriso do João.