quinta-feira, 24 de maio de 2012

para o ser.


Filho, um dia você vai crescer e vai ouvir essas e outras histórias, sobre a mulher no mundo e espero que se pergunte qual é o seu lugar no mundo.
Isto não tem a ver com ser heterossexual, homossexual, transexual, ok?
Vou contextualizar:
Nos últimos meses tivemos o estupro no BBB 12, as fotos roubadas de Carolina Dieckmann e a história de abuso sexual da Xuxa. Além disso vou citar o caso da Natascha Kampusch e de uma garota de 11 anos não conhecida.
No BBB, uma mocinha e um mocinho beberam numa festa, deitaram-se juntos, e segundo algumas fontes midiáticas e a onda das redes sociais, a mocinha “apagou” e o mocinho aproveitou-se dela nesse momento. Eu não estava lá, não sei o que aconteceu e pelas imagens do vídeo não dá pra saber. O mocinho foi expulso do programa por suspeita de estupro e a mocinha está por aí.
Carolina Dieckmann tirou fotos nuas em sua casa e deixou em seu computador. Um hacker invadiu o computador, roubou as fotos e publicou na internet, depois de ter chantageado a moça e ela não ter cedido.
A Xuxa resolveu, depois de muitos anos, ir ao Fantástico contar que foi abusada sexualmente na infância por amigos da família, professores e outros.
Natascha foi seqüestrada com 10 anos de idade na Áustria e só conseguiu fugir aos 18 anos.
A garota de 11 anos não conhecida foi estuprada e morta, a princípio, desconfia-se do padrasto.

A minha intenção aqui não é comentar os casos, nem falar sobre as vítimas. E é exatamente isso que quero dizer. Em todos os casos tivemos outras pessoas envolvidas, principalmente homens.
Homens que ainda se acham no direito de definir o lugar e o espaço da mulher na sociedade, seja em casa, no trabalho, na rua.
Em todos esses casos as mulheres foram julgadas, massacradas, questionadas. Em alguns casos, como o do BBB, o mocinho foi questionado e responde ou respondeu por isso, mas independente de como o processo corra, para a grande maioria, a CULPA pelo acontecido é da mulher.
A mocinha do BBB é culpada por ter ficado com muitos caras no programa, por ter bebido, por ter dormido.
A Carolina é culpada por tirar fotos em casa nua e ainda por cima guardar no seu computador pessoal.
A Xuxa é culpada por ter falado.
A Natascha é culpada por ter se envolvido com um cara que ficou 8 anos ao lado dela e por ter lamentado e sofrido a morte dele.
A garota de 11 anos não teve culpa, mas ouvi que a culpa é da MÃE, que deixou ela sair sozinha, que não ensinou a menina a não conversar com estranhos, que não estava presente.

Para a sociedade, a mulher ainda é culpada pelo que lhe acontece. Não pode andar de roupa curta, não pode conversar com um homem no ônibus, não pode ser solteira e transar com quantos caras quiser, não pode querer estar sozinha, não pode ficar bêbada, não pode ser mãe solteira, não pode querer se ver, se conhecer, tirar fotos nua.

Já o homem, pode. Pode andar sem camisa, com shortinho de futebol, pode chamar as mulheres de gostosa na rua bem no pé do ouvido, pode e deve estar solteiro e conseguir a fama de pegador, pode ficar bêbado e muito, pode ser pai solteiro, inclusive sem responsabilidades, pode se masturbar e ter esse vídeo circulando na internet, porque isso não rende 10% do que rendeu o assunto da Carolina, por exemplo, pode sair de casa e ficar 10 anos sem ver a filha, porque se ela for estuprada e morta a culpa é da mãe que não soube cuidar.


Nas histórias acima, onde estão as outras pessoas?
Por onde anda o mocinho do BBB, o cara que roubou as fotos da Carolina, os abusadores da Xuxa, os homens e mulheres (sim, porque muitas e muitas mulheres ainda são machistas) que julgam e condenam a Natascha quando ela sai de casa por tentar levar uma vida normal, as pessoas em busca do assassino da menina de 11 anos? Onde estão as postagens nas redes sociais com esse foco ao invés de estarem buscando a culpa dessas mulheres? Onde estão as reportagens sobre o outro lado da história, sobre a busca de respostas a essa sociedade espetacular, cruel e omissa?

Nosso ponto de vista é pequeno, limitado e dominado por nossos preconceitos e pelo senso comum.
Escrevo isso porque quero que você, além de saber dos fatos pense que muita coisa muda a partir do ponto que avistamos.

Ainda vivemos em uma sociedade machista e sexista (que também é preconceituosa, racista, homofóbica, e etc).

Pensemos que a mulher está onde ela quer estar, e faz o que quer fazer. Assim como os homens. Ou pelo menos, deveria ser assim. Não existem regras que se aplicam apenas para uns, quando vir isso, desconfie. Não existe uma classe ou um grupo ou uma pessoa com mais direitos. Isso também deveria ser assim.

Filho, o mundo é maior do que você, do que eu, do que conseguimos acompanhar, do que nossas certezas. O mundo é muito mais nossas incertezas e nossas fragilidades, por isso é muito mais isso nos outros também. Por isso se pergunte qual é o seu lugar nessa roda gigante, porque pelo menos isso nós temos que fazer, todos os dias, e antes, muito antes de nos perguntarmos qual é o lugar do outro.

sonho...

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Mãe, você tava na rua, parada, vestida igual a um coelhinho da páscoa.
Aí meu pai passou de carro e não te esperou.
E eu gritei: Mãe! Corre!


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terça-feira, 1 de maio de 2012

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- mãe, você vai trabalhar?
- sim João.
- você vai no seu trabalho azul?
- rs..não, hoje não João.
- e qual é a cor do seu trabalho hoje?

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nonada.

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- pai mãe, vocês são muito bigudos!
- ãh? como assim João?
- bigudos! vocês são bigudos!
- e o que é isso João?
- vocês são muito cheios de ossos! bigudos!

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lá!

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mãe, eu vou lá lá em cima!

pai, aquilo tá lá lá longe!

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