segunda-feira, 12 de agosto de 2013

a espera.

..
Eu era workaholic. Não me importava em trabalhar 12, 14 horas por dia, em ficar noites sem dormir, consequentemente não me importava com minha saúde. Comer e dormir bem eram "frescuras". 
Quando engravidei muita gente me olhou torto porque eu teria que diminuir o ritmo de trabalho.
Quando comecei a sentir dores e perguntei a algumas amigas que já tinham filhos ou que estavam grávidas se isso era normal, ouvi da maioria delas que sim, que gravidez não é doença e tive vergonha de ir ao médico, de ser fraca. 
Quando pedi no meu trabalho para deixar de viajar e não fui atendida, não questionei com medo de ser a doente, com medo do que as pessoas falariam, com medo de ser a produtora que fez corpo mole, de ser antiprofissional.
Isso me custou uma longa viagem de 10 dias de ônibus na semana do meu primeiro dia de pré-natal. Faltei ao médico e não ouvi meus filhos.
Não tive coragem de dizer não ao meu trabalho. 
Minha gravidez era de risco, só descobri isso depois. Quando voltei da viagem tive que ficar de repouso, só me levantava para ir ao banheiro. Isso durou quase 7 semanas.
Minha gravidez durou 2 meses. Descobri que estava grávida aos quase 4 meses e ganhei meus filhos aos 6. 
Eles poderiam ter esperado um pouco mais se eu tivesse esperado por eles.
Ficar de cama me ensinou que a vida tem seu tempo e devemos respeitá-lo.
"Perder" um filho me ensinou que há muito mais coisas que devemos e podemos deixar para depois.
"Ter" um filho me ensinou a importância de viver e de entender o tempo.
Hoje deixei de ser workaholic, continuo trabalhando (bem menos que antes), chego atrasada nos lugares, durmo mais cedo, acordo mais cedo, quase não saio à noite, participo menos de algumas coisas do que gostaria.
Por isso tudo agradeço a você filho, que me ensina a ter paciência, que me ensina a respeitar seu tempo, que me faz entender que algumas coisas são apenas por um tempo, que tudo passa.
Por você a minha vontade de ter meus amigos de verdade por perto, de ter abraços de verdade, beijos de verdade, conversas, risadas e lágrimas sinceras.
Por você procuro acertar e me doar em tudo que faço, mas com você aprendo que errar faz parte da construção da vida.
Com você eu paro para ver o sol, para brincar com as sombras, para ver as flores, para desenhar e colorir, para contar histórias, para brincar de cabaninha.
Obrigada por não me pedir nada disso. 
Obrigada por me fazer querer viver e por ter tornado tudo tão fantástico que eu viveria tudo de novo, com mais maturidade, mais escuta sobre o meu corpo, mais escuta para o outro, e sem medo de cometer novos erros.
Com você eu tenho mais vida. Te amo.
..

domingo, 4 de agosto de 2013

Mãe, quando a água é quente a gente tá na praia e quando ela é fria a gente tá no Polo Sul, sabia?
A gente entra no carro e o João diz:

... Mãe, onde a gente vai pousar?