domingo, 17 de julho de 2011

para o xande.

estou triste. e me sinto pequena perto do acontecido ao meu querido amigo alexandre de sena.
poderia dizer aqui o que encontro em todos os lugares, que ele é ator, dj, designer, negro.
mas não, alexandre é doce, amável, querido, humano. há muito não encontrava alguém com a serenidade e a humanidade de alexandre.
em alguma dessas madrugadas passadas, alexandre foi espancado covardemente por pms de blumenau. mesmo se ele tivesse desacatado ordens, mesmo se ele tivesse gritado, esbravejado, ofendido. mesmo. não temos o direito da agressão. NINGUÉM. muito menos pessoas que deveriam ser treinadas para apaziguar agressões, para controlar situações de risco, para proteger.
o que os pms estavam protegendo? o que estavam defendendo? para quem estavam trabalhando?
com que direito gritam, destratam, maltratam, agridem? porque deixamos?
alexandre vai se curar da dor, dos hematomas, dos ferimentos.
mas a alma dói. a alma negra. e a nossa. azul, verde, branca, de mulher, de criança, de gay, de dona de casa, de trabalhadora.
a câmera de segurança da pm, instalada em frente ao posto de gasolina, não funcionou. convenientemente.
os pms estavam sem identificação. convenientemente.
eles agrediram um negro. apenas um. convenientemente.
e não serão afastados do trabalho por não se tratar de algo de tamanha gravidade.
eu não preciso de mais fatos. não para dizer que alexandre está correto, mas para afirmar veementemente que a polícia não nos serve. nunca serviu. a polícia nunca existiu e não existe para nos proteger.
nesse momento ela se protege.
devemos exigir dignidade para os cidadãos. para todos os alexandre de sena que são espancados todos os dias.
devemos ir às ruas.
o fato aconteceu em blumenau, mas a dor é de um país inteiro.
vamos às ruas belo horizonte, rio de janeiro, são paulo, manaus, cuiabá!
vamos falar! não podemos nos calar! não podemos esperar a polícia cuidar de si mesma.
não podemos esperar o encontro com o alexandre para um abraço e um sorriso.
xande, meu abraço e sorriso são seus nesse momento.
mas te devemos mais, como amigos, como artistas, mas principalmente como cidadãos.

sexta-feira, 8 de julho de 2011